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20 de Abril de 2024

Graduação: Sob Bolsonaro, MEC estuda liberar curso de direito a distância

Publicado por DR. ADEvogado
há 5 anos

O governo Jair Bolsonaro (PSL) pode autorizar o oferecimento de cursos de graduação em direito a distância no Brasil.

Fontes do setor do ensino superior privado ouvidas pelo UOL relataram uma movimentação inédita por parte do MEC (Ministério da Educação) em processos que solicitam a liberação de cursos desse tipo. Protocolados entre cinco e dez anos atrás, os pedidos estavam antes paralisados.

Na prática, o MEC encaminhou os pedidos da Seres (Secretaria de Regulação do Ensino Superior) para o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável por enviar avaliadores para a instituição e verificar se o projeto de curso, conforme solicitado, tem condições de ser implementado.

A movimentação nos processos é vista por professores e coordenadores como uma comunicação formal do ministério indicando receptividade ao credenciamento da graduação em direito na modalidade EaD (ensino a distância).

Pelo menos cinco instituições perceberam essa alteração no status do processo. Professores e coordenadores dizem ter recebido a movimentação com surpresa.

"Foi meio de repente, mas veio a partir de uma demanda do setor. O MEC não inventou isso. Era algo que estava meio adormecido e [a pasta] se manifestou favorável a dar prosseguimento", diz Ricardo Pacheco, diretor de operações EaD da Brazcubas Educação, mantenedora do centro universitário Braz Cubas —uma das instituições que tiveram a movimentação no processo.

"Foi algo que ninguém imaginava que fosse acontecer agora, porque essa briga é antiga. As instituições lutam pelo direito a distância há anos", afirma o diretor de outra instituição que teve movimentação no processo, mas pediu para não ser identificado por medo de represálias.

"A gente não sabe o que vai acontecer depois dessa primeira etapa. Pode ser até que o MEC paralise todos os processos e isso não vá para a frente. É uma situação ainda muito incipiente", diz.

"As coisas ainda não estão absolutamente definidas. Ainda tem muito para acontecer para que isso, de fato, se torne algo prático", concorda Pacheco.

Uma das primeiras instituições a entrar com um pedido para oferecer o curso de graduação em direito a distância, a PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) não percebeu alterações no processo. Mas, em conversas com o MEC, foi informada de que a possibilidade está, de fato, aberta.

"Nós fizemos uma aceleração do projeto pedagógico e entramos com outra solicitação para oferta do curso, mas também mantendo o processo antigo, para ver o que anda primeiro", diz Marcos Kutova, diretor de educação a distância da instituição.

As etapas seguintes dentro do processo para abertura de um novo curso envolvem a visita técnica de avaliadores do Inep, responsáveis por elaborar um relatório favorável ou não à abertura do curso solicitado.

Caso seja favorável, o relatório é enviado novamente à Seres, responsável por dar encaminhamento à autorização do MEC para a abertura do curso. Fica a cargo do CNE (Conselho Nacional de Educação), no entanto, dar o parecer final sobre a admissibilidade do curso.

Em meio a esse processo, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) tem espaço para se manifestar. O parecer emitido pela ordem é de caráter consultivo —-mesmo assim, a resistência da OAB à graduação em direito a distância é apontada como o principal fator para que não existam cursos desse tipo no Brasil. Hoje, apenas cursos de pós-graduação em direito podem ser oferecidos na modalidade EaD.

José Alberto Simonetti, secretário-geral da OAB, demonstra preocupação com uma possível falta de fiscalização e consequente baixa qualidade na oferta de cursos de graduação em direito a distância. Para ele, o país já vive um cenário grave devido à proliferação de cursos presenciais de direito —segundo o secretário, são mais de 1.700 cursos e 900 mil acadêmicos.

Um indicador do RUF (Ranking Universitário Folha) divulgado hoje aponta que apenas 6% das escolas que oferecem curso de direito conseguem aprovar mais de 50% dos seus alunos no exame da OAB.

"Tendo essa realidade grave, com muitos cursos presenciais que são extremamente mal conduzidos, possibilitar o ensino a distância sem uma supervisão eficaz nos levará a viver o caos do direito no Brasil", afirma. Uma das maiores preocupações do setor é com a prática jurídica, que hoje é entendida como necessariamente presencial.

Os coordenadores, no entanto, discordam. "As instituições que trabalham com EaD se equiparam, desenvolveram suas estruturas, e hoje acredito que estão todas aptas a ofertar o direito a distância", diz Kutova, da PUC Minas.

João Vianney, especialista em educação a distância da consultoria Hoper Educação, afirma que, caso a graduação em direito seja de fato liberada na modalidade a distância, a oferta inicial ainda será menor do que a demanda.

Ele estima que as mensalidades girariam em torno de R$ 750 no início, podendo cair para a faixa dos R$ 400 com o passar dos anos e o aumento do número de vagas. Na modalidade presencial, esse valor pode chegar a até R$ 4.000.

A projeção da Hoper é que, em até dez anos, metade dos alunos de graduação em direito estejam matriculados na modalidade EaD.

O UOL procurou o MEC para saber se a gestão do ministro Abraham Weintraub é favorável à liberação da graduação em direito a distância e se a pasta pretende autorizar o oferecimento desses cursos já em 2020.

Em nota, o ministério respondeu apenas que as instituições que ofertam EaD serão avaliadas de acordo com a Lei nº 10.861, de 2004, que institui o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior).

"A avaliação in loco tem o objetivo de verificar a existência e a adequação de metodologia, de infraestrutura física, tecnológica e de pessoal que possibilitem a realização das atividades previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional e no Projeto Pedagógico de Curso", diz o texto.

A reportagem também quis saber qual o posicionamento do ministério com relação às críticas da OAB sobre a qualidade do ensino em um eventual curso de graduação em direito a distância. O MEC respondeu que "o aumento de polos EaD está atrelado à pontuação da qualidade institucional".

"A demanda deve aumentar de acordo com a inclusão e a presença de cursos em cidades que ainda não ofertam educação a distância e facilitar ainda mais o acesso à educação superior", diz a nota enviada pelo ministério.

(Por: Ana Carla Bermúdez / Fonte: educacao.uol.com.br)


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Esse é o nosso Brasil, sempre com saídas "criativas" para um problema grave. Eu não me surpreenderia que a medicina num futuro próximo também seja assim. Desse modo ninguém poderá reclamar que ficou sem médico ou no caso do advogado, sem defesa. Entretanto, um dia a conta chega. Já estamos abarrotados de cursos jurídicos, temos mais juristas que clientes. Penso que todos os cursos devem ter ser ingresso democrático, apartidário, sem cor, sem raça,mas meritocrático.

Infelizmente temos hoje muitos graduados oriundos de uma política de aproveitamento de notas, emergentes do ensino médio e fundamental. Esses alunos pagam um severo preço hoje, são deficientes em diversas áreas da linguagem, escrita, exatas etc. Imagine-se a junção de um ensino de base ruim, somado a uma graduação péssima, o que poderemos obter?

Como assentei anteriormente, acredito que a graduação deva ser democrática em seu sentido mais amplo, entretanto manter a qualidade impar e indiscutível se deve ter como norte. Por outro lado, vivemos no Brasil, queremos os números e a solução rápida. Lastimavelmente educar pessoas leva tempo. Nossas mãe demoraram ( em tese) 18 anos para nos educar, e ainda assim cometemos erros bobos. Devemos parar e pensar num brasil daqui a 50 anos e não 5 anos.

Outra preocupação será o "preconceito" dentro do próprio meio jurídico. Nos dias de hoje já existe o "preconceito" entre números de OABS ( quem é o mais antigo). Já pensou como será com os advogados formados a distância . O mundo jurídico tende a ser cruel. Penso que o MEC poderia ser mais efetivo em melhorar o acesso para a graduação com o FIES, ou outra forma de ingresso, mas garantir que o estudante saia apto a minimamente ser aprovado no exame da ordem. Sabemos que o exame da ordem é rígido, mas não é impossível. Em suma, o caminho mais curto nem sempre é o melhor. Tenho observado que o brasileiro não quer mais número, ele quer qualidade.

Sei que muitos EADs são de excelência, mas com todo respeito principalmente na advocacia nada melhor que a prática para revelar um novo mundo. O acadêmico tem uma árdua tarefa de cotejar a academia com o mundo prático. Eu sei que as tecnologias estão aí, mas o Direito é uma matéria humana, feita por fatos humanos e somente vivendo com humanos a habilidade de compreende-los se torna um pouquinho mais fácil.

Assistir um vídeo gravado de uma matéria, ou poder travar um debate com o professor e os colegas para mim é isso que cria um jurista. O debate e a dialética produzem um indivíduo crítico e versátil para resolver problemas. Eu não sei se o mesmo resultado se produziria se mantivéssemos um jovem saído do ensino médio assistindo vídeos com teorias prontas se despertaria algum senso crítico ( característica fundamental do operador do Direito). Talvez teríamos conceitualistas sendo produzidos em massa. N'outra quadra, um profissional que já passou por essa fase inicial ( formação do senso crítico jurídico), no meu sentir já está mais apto a desenvolver-se através de videos, pois já tem uma bagagem mínima. Posso estar errado, mas esse é o meu pensamento hoje, quem sabe eu me surpreenda com novos modelos.

Por Artur Félix Gonçalves continuar lendo

f***-se há muitos cursos de direito e se o mercado tá saturado, todos merecem a oportunidade de fazerem a graduação que quiserem, e no mercado que vençam os melhores, até porque se o presencial garantisse a qualidade a OAB não reprovaria muuuuuito mais que a metade dos tentantes, fora a comparação com medicina que é esdrúxula, uma vez que medicina é totalmente pratica, e direito em essência é teórico, foi uma das comparações mais imbecis que já vi. continuar lendo

Um caminho natural, não há como impedir tal situação. continuar lendo

Sim, mas a sociedade tem que cobrar qualidade, o que na prática não acontece, hoje a maioria das instituições compram um material e deixam alguém como tutor, com exercícios de assinale o X vão sim formar um advogado, mas será que ele sabe escrever?? Nas respostas os alunos utilizam o método ctrc+c e ctrc+v e pronto está formado um bom advogado!!???
Precisamos ter fiscalização e apuração nesse sistema de ensino que já está banalizado. continuar lendo

Uma vergonha! Com tantos profissionais excelentes no país e eles querem fazer isso. Ao invés de incentivar os jovens de hoje a serem professores (o que quasse ninguém quer ser), aumentando o salário desta profissão que a base de tudo, sem eles (professores), o que seríamos hoje? continuar lendo

Não vejo problemas com o ead, mas sim com sua qualidade e falta de cumprimento das frouxas regras do MEC que demandam sobre o setor, assim professores de qualidade são demitidos e tutores assumem a sua função com um salário muito baixo e viva a indústria bancária de ensino!!!. Realmente uma pena o que contribui para o incerto futuro do país. continuar lendo

É verdade Marcus, temos um ensino duvidoso, mas estar no banco da faculdade, infelizmente não garante uma formação adequada, fosse assim os índices de reprovação na OAB não seriam tão altos.
Por outro lado, alguém num extremo qualquer deste país, poderia acessar conteúdo de maior qualidade numa tradicional universidade a kilometros de sua casa. continuar lendo

@celsogoncalves184 concordo plenamente, comecei uma especialização presencial, não gostei, professores com didática fraca (liam slides), hoje faço à distância, faculdade fica em SP,é excelente, recomendo para todos. O fator determinante não é a forma e sim o resultado. continuar lendo